Opinião
Influência da economia dos EUA no Brasil
João Carlos M. Madail
Economista, Professor, Pesquisador e Diretor da ACP
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Os Estados Unidos da América têm a economia mais desenvolvida do mundo, em função do acesso à abundância de recursos naturais (grandes reservas de carvão, ferro e petróleo) com energia em abundância, mesmo que para produzi-la tenha custos elevados; altos níveis de produtividade e uma força de trabalho com bons níveis de educação. O país é o maior exportador agrícola do mundo. A receita com exportações agrícola tem batido recorde a cada ano, superando, em média, US$ 170 bilhões. O país é, também, o maior importador da economia mundial, respondendo, em média, por um quinto das importações de todos os bens comercializados internacionalmente desde a década de 1970.
A partir de 2022 a economia americana começou a dar sinais de estagnação com meses de inflação em alta e temores de que uma desaceleração acentuada pudesse levar o país à recessão. Alguns fatores têm contribuído para o atual cenário indesejado da economia americana; especulação financeira, superprodução agrícola, superprodução industrial, desaceleração do consumo, quebra da Bolsa de Nova Iorque, conflitos, afora o reaquecimento das economias européias. Em função disso, os americanos têm convivido com índices de inflação que repercute na instabilidade de preços, fazendo com que o FED (Banco Central dos Estados Unidos) mantenha a taxa de juros entre 5,25% a 5,50%. A decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Form), em reunião no dia 20/9, em manter a taxa de juros no mesmo patamar, foi unânime entre os membros do grupo e em linha com as projeções prévias do mercado. A manutenção da taxa de juros americana com expectativa de aumentos nas próximas reuniões provocou no Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), um dia após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), certo tumulto, após o corte de juros em 0,5 ponto percentual, ficando em 12,75% como era amplamente esperado pelo mercado.
Com a sinalização na alta de juros americana há o temor do aumento da atratividade da renda fixa nos EUA o que pode afugentar capital de economias emergentes, como a brasileira. Segundo o presidente do FED, Jerome Powell, a manutenção dos juros no atual nível não significa que os americanos alcançaram a estabilidade da política monetária que estão buscando. Como efeito imediato o dólar comercial disparou no Brasil, ultrapassando os R$ 5,00, deixando clara a dependência da economia brasileira em relação às decisões financeiras da maior economia do planeta. A boa notícia é a de que a economia americana cresceu 2% no primeiro trimestre, acima das estimativas do mercado. Este avanço tem a ver com aumentos em gastos do consumidor, exportações, gastos dos governos estaduais e locais, gastos do governo federal e investimentos fixos não residenciais. O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA registrou alta de 2,0% no primeiro trimestre de 2023, em base anualizada, de acordo com a terceira e última leitura do indicador, acima da segunda leitura de 1,3% e da alta estimada de 1,4% projetada por analistas do "The Wall Street Journal".
Não há dúvida que a economia americana intervém sobremaneira na economia brasileira. O Brasil começou a ser influenciado pelos Estados Unidos durante o período de guerras, ocasião em que os americanos investiram capital nos portos e ferrovias brasileiras e na produção e distribuição de energia. Além disso, filiais de grandes empresas norte-americanas se instalaram no Brasil, onde, muitas delas se encontram até hoje. Com o aumento da disponibilidade dos produtos americanos no Brasil, a população aproximou-se do estilo de vida americana e da própria cultura de consumo, tornando-se um hábito para os brasileiros até os dias de hoje. Tem sido rotina grande parte de estudantes brasileiros escolherem os EUA para complementarem cursos superiores retornando com a sensação de proximidade e identidade com a cultura dos americanos.
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